terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Meu laboratório secreto (Infantil)

Terça-feira, nove de junho. Para as pessoas comuns, era apenas mais um dia como outro qualquer. Mas não para mim. Encontrava-me, mais uma vez, em meu secreto laboratório subterrâneo, revendo minhas anotações e refazendo minhas misturas reacionais, tentando chegar àquela que seria minha maior descoberta. Esse era mais um dia de busca pela minha poção ideal. E algo me dizia que eu estava bem próximo de encontra-la.

Misturei todos os reagentes em proporções ideais, devidamente calculadas. Porém, num momento de distração, deixei cair, acidentalmente, um pouco de minha mistura reacional sobre o meu pobre rato cobaia. A princípio, nenhuma alteração desagradável ocorreu com ele. Mas qual não foi minha surpresa ao vê-lo retorcer, com os dentes, as grades de sua gaiola.

Meu rato fugiu de sua prisão. Embora eu tentasse alcança-lo, ele corria a uma velocidade absurdamente superior a de um simples rato e fugiu do meu laboratório, quebrando a porta blindada.

Num primeiro instante, eu fiquei assustado com o tamanho da força do pequeno roedor. Depois fiquei triste com sua fuga, visto que há anos ele era minha única companhia naquele frio e escuro laboratório. Mas após o choque e a tristeza de ter perdido meu único amigo, notei que eu tinha em mãos uma poderosa substância, capaz de dar uma força sobre-humana a qualquer um que a tomasse.

Precisava tomar nota de tudo e patentear minha descoberta antes que mais alguém a encontrasse. Eu ficaria muito rico. Poderia ter um laboratório ainda maior e com mais equipamentos. Descobriria mais coisas incríveis. Em pouco tempo já seria dono de toda a cidade. Depois compraria o país e, então, dominaria o mundo!

Mas todo esse meu plano iria ruir se algum espião roubasse minha poção milagrosa. Nesse momento eu poderia estar sendo vigiado por alguma agência secreta. Embora meu laboratório estivesse bem escondido e disfarçado, nunca se sabe. Minha identidade de cientista poderia ter sido descoberta e eu poderia ter sido seguido.

Tinha que fechar todas as janelas. Consertar a porta quebrada pelo rato e, então, esconder minha poção e minhas anotações em um lugar extremamente seguro. Assim o fiz. Mas antes de esconder minha poção, bateu-me uma vontade de experimentar um pouco de minha própria criação. Uma pequena dose não me faria mal.

Abri o recipiente com um pouco de ansiedade. O cheiro de minha poção era agradável e característico. Respirei fundo e tomei um único gole rápido, tentando, em vão, não sentir o gosto amargo.

Fiquei meio zonzo inicialmente. Mas, logo em seguida, fui tomado por uma incrível sensação de ter uma ilimitada força. Era incrível! Eu podia levantar qualquer equipamento ou móvel pesado do laboratório com um único dedo.

Infelizmente, começaram a aparecer efeitos colaterais. Perdi o controle e a consciência dos meus atos. Em poucos minutos eu havia destruído meu laboratório quase por completo. E não teria parado se não fosse uma voz, provavelmente vinda de minha cabeça, que dizia:

- O que é isso? Que barulho é esse? Não acredito Paulinho, você quebrou meu vaso importado! E misturou os meus perfumes novamente! Não tem jeito. Está de castigo!

- Mas Mãe! Eu sou um cientista!

- Cientista coisa nenhuma! Já pro seu quarto! Você vai ficar uma semana sem ver televisão!

Bem, a vida de cientista não é fácil. Vou ter que montar meu laboratório secreto em outro lugar. O quarto de minha Mãe não foi uma boa escolha...

Paulo André T. M. Gomes (1 de fevereiro de 2011)

Perseguição (Suspense)

Meia noite, cansado e com sono, lá estava eu, andando pelas ruas sujas e desertas dessa cidade. Minhas únicas companhias eram a Lua e alguns animais de vida noturna. Num canto havia um cão e um gato tentando encontrar alimentos, revirando latas de lixo. Em outro ponto da rua, ratos entravam e saíam de um esgoto próximo à padaria da esquina. Eu estava tentando lembrar por que havia saído tão tarde do emprego, quando ouvi uns passos atrás de mim.

Caminhei mais depressa, sem olhar para trás. Comecei a tremer e a suar frio. Coração acelerado. Aqueles passos não paravam de me perseguir. Virei depressa. Não havia nada além de sombras. O medo aumentou. Ou eu estava enlouquecendo, ou estava sendo seguido por algo sobrenatural.

Corri desesperadamente. Parei na primeira esquina, ofegante. Olhei novamente. Nada! Continuei a andar, tentando manter a calma. Faltava pouco pra chegar a minha casa.

Já mais tranquilo, parei, finalmente, em frente à minha porta. Peguei a maçaneta, ainda um pouco trêmulo devido ao susto e à corrida. Quando a girei, a porta não abriu. Provavelmente meus pais já estavam dormindo. Procurei minhas chaves em todos os bolsos que tinha. Não encontrei.

Os passos recomeçaram. O medo voltou em dobro. Estava meio tonto. Não conseguia manter-me de pé. O mundo girava vertiginosamente. Tentei gritar, mas a voz não veio. Aquele som se aproximava cada vez mais. Não havia saída. Juntei, então, todas as minhas forças e, num movimento brusco... Caí da cama e acordei!

Paulo André T. M. Gomes (Texto escrito em 2003 e editado em 2011)