Passando por uma das ruas
onde vivi, me vi caminhando. Naquela rua. Naquela época. Meio curvado. Meio
cabisbaixo. Alheio ao mundo em minha volta. Queria poder me acompanhar, tocar
no meu ombro e dizer que, em pouco tempo, tudo vai mudar. Que aqueles problemas,
que pareciam sem solução, ficarão tão bobos que serão até esquecidos. Que
aqueles sentimentos, tão devastadores, serão tão completamente superados que
poderão até ser usados como temas para minhas próprias piadas. Que aquelas
pessoas, que me faziam tanto mal, não eram terríveis vilões, eram apenas seres
humanos com tantos defeitos e qualidades quanto eu. Que os objetivos planejados
e não alcançados não farão falta e serão substituídos por outros muito melhores.
Queria poder me dizer
tanta coisa. Por onde ir. Por onde não ir. O que fazer. O que não fazer. Mas
não pude me alcançar. Enquanto pensava em tudo o que poderia me dizer para me
ajudar, eu continuava andando cabisbaixo e já estava muito longe de mim.
Provavelmente não adiantaria de nada me dizer qualquer coisa. Ou talvez tenha
sido melhor não ter me alcançado e não ter me ajudado.
Pobre rapaz cabisbaixo.
Não sabe quantas mudanças te aguardam. Não sabe quanta sorte tem. Não sabe de
nada. E é melhor que não o saiba. De tão desastrado poderia estragar tudo. Se
soubesse de toda a sorte e a capacidade que carrega, poderia, de tanta
ansiedade, deixá-las caírem no chão.
Não foi para consolar um
“eu” que nem existe mais que eu cheguei aqui. A esse momento. Nem para
corrigi-lo. Tampouco para ensiná-lo a não errar. Estou aqui porque daqui eu
posso apreciar melhor minha evolução pessoal.
Paulo André T. M. Gomes (12 de janeiro de 2015)
Otima leitura
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